Tempo de Reação versus Tempo de Decisão

Você está ouvindo uma música no carro. Dirigindo tranquilamente. Quando um carro vira abruptamente na sua direção. Você estava no ponto cego dele no momento em que ele virou, e agora o acidente parece inevitável.

Felizmente, você decide rapidamente que o melhor a fazer é frear e virar para o lado oposto. Você evita a batida por um triz, e retoma seu caminho após alguns segundos para respirar aliviado.

Em alguns momentos, reagir ou, como neste caso, decidir rapidamente é a única forma de:

1. Evitar acidentes;
2. Conseguir contribuir em uma conversa com várias pessoas;
3. Obter vantagem em uma competição esportiva;
4. Na movimentação dos veículos durante uma viagem;
5. Entre muitas e muitas outras situações do seu dia-a-dia!

Está sem tempo? Aqui tem um resumo sobre Tempo de Reação versus Tempo de Decisão para você:

Tomara que você tenha tempo, porque tem muito mais informações abaixo que escrevemos para que você conheça mais sobre neurociências!

Antes de falar mais sobre o Tempo de Reação versus o Tempo de decisão, vamos diferenciá-los de reflexo. Reflexo são ações que nós não controlamos e nem treinamos. Como tirar o braço de perto de um objeto quente, ou diminuir a abertura da pupila ao entrar em um local muito iluminado.

Nós normalmente utilizamos o termo reflexo de maneira muito mais ampla, por exemplo: “O goleiro fez a defesa no reflexo” ou “Peguei  no reflexo o copo que estava caindo da mesa”. E está tudo bem utilizar o termo dessa maneira no dia-a-dia, mas quando estamos nos comunicando em um contexto mais profissional, é melhor utilizar os conceitos de maneira mais adequada para termos credibilidade.

As Reações são ações que executamos quando existe apenas uma opção de ação e para as quais podemos nos preparar

Um exemplo é a largada de uma prova de natação ou de uma corrida de Fórmula 1. Por serem ações previsíveis, as reações são mais rápidas do que as decisões. Mas elas também são bastante raras. 

As decisões, por outro lado, são ações que resultam de uma escolha. Ou seja, decisões existem quando temos mais de uma opção de ação

Analise suas ações do dia-a-dia. Seja no trabalho, na escola, em casa, fazendo um esporte, conversando com outra pessoa. Perceba que nossas ações normalmente são fruto de decisões. Sejam elas simples e inconscientes, como pegar o copo do escorredor que está na direita ou no meio para tomar água; sejam elas complexas, como decidir em que você quer se graduar. 

Nossas ações mais frequentes são as decisões porque normalmente nós temos mais do que uma opção de ação. E também porque nós temos diversas formas de implementar nossas ações. Um goleiro ao defender um pênalti pode decidir antes da cobrança que pulará para o canto direito. Dessa forma, ele espera o momento de reagir ao chute do atacante. Mas mesmo assim, mesmo sabendo o lado, ele ainda pode decidir se pula mais baixo ou mais alto. Se tenta fazer um salto mais longo, ou bloquear um chute mais próximo dos seus pés. Em resumo, nós decidimos muito mais do que reagimos.

Na década de 80, acreditava-se que o córtex pré-frontal era a estrutura do cérebro responsável pelas nossas decisões. Hoje em dia, nós sabemos que as diversas áreas sensoriais, motoras, associativas, subcorticais, assim como o cerebelo, contribuem para a tomada de decisão. Um dos modelos que explica como várias áreas do sistema nervoso contribuem para a tomada de decisão chama-se “Consenso distribuído”. Porque as diversas áreas entram em consenso sobre a melhor opção disponível para a nossa escolha.

O Tempo de Reação neste contexto, pode ser explicado como a pré-ativação de diversas dessas áreas, que serão ativadas e darão início ao movimento a partir de um gatilho, como o som da largada.

Já o Tempo de Decisão depende de um processamento mais complexo, que envolve o tempo que leva para que as áreas do sistema nervoso entrem em consenso. Neste processo, existem áreas que contribuem “dizendo”: “_Vamos escolher logo! O carro acabou de virar na nossa direção!” e outras áreas dizendo: “_Vamos decidir melhor se é melhor frear e ir para a direita ou para a esquerda!”.

Ao final, o balanço positivo entre velocidade e precisão é o que compõe uma decisão boa. Idealmente, tomaríamos apenas decisões corretas em alta velocidade. Mas não é assim que funciona. Normalmente, um Tempo de Decisão mais demorado, ou seja, esperar um pouco mais para decidir, aumenta a precisão; enquanto um Tempo de Decisão mais rápido está associado a uma maior probabilidade de erro. Mas, como dissemos no texto sobre Controle de Impulsividade, nem toda decisão errada é impulsiva. Algumas vezes, simplesmente não temos tempo para decidir.

Existem pessoas que são mais propensas a decisões rápidas e menos precisas; outras são mais propensas a decidir com calma e a evitar erros. Temos também pessoas que conseguem decidir em média com maior rapidez e precisão, e outras que muitas vezes demoram e mesmo assim erram.

Mas isso não quer dizer que esses perfis cognitivos são mantidos durante a vida inteira. Na média, nosso cérebro prioriza a rapidez quando é mais jovem, e passamos a priorizar a precisão conforme amadurecemos. Mas existem jovens que priorizam mais a precisão do que pessoas da mesma faixa etária, assim como existem pessoas que continuam priorizando a velocidade durante a vida inteira. 

De qualquer forma, podemos treinar o cérebro para melhorar o balanço entre velocidade e precisão tanto durante o desenvolvimento, quanto depois de nos tornarmos adultos. Um treinamento de uma pessoa que é veloz mas erra muito, por exemplo, deve priorizar a melhora da precisão, tendo como meta não diminuir a velocidade.

O aplicativo Sensorial Moove contém as principais tarefas de treinamento para aumentar a velocidade das Reações e das Decisões (como os minigames: Toque Rápido, Toque Certo, Trilhas de Números, e muitos outros) também associadas ao movimento (como os minigames: Semáforo, Toque ou pule, On the table, e muitos outros). Existem também os minigames que utilizam a câmera do celular para registrar suas respostas (como os minigames: Siga o crush e Moves like Jagger). Os minigames com movimento existem no Sensorial Moove porque, de acordo com as pesquisas mais atuais e com os nossos anos de estudo e prática na Sensorial, concluímos que associar a estimulação cognitiva ao movimento aumenta os benefícios do treinamento cognitivo e sua capacidade de transferir os ganhos que ela proporciona para tarefas que não foram treinadas.  

Isso acontece porque o movimento aumenta o fluxo de sangue para o cérebro, trazendo oxigênio e nutrientes para os neurônios; promove a liberação de hormônios que estimulam a criação de novos neurônios e conexões; mudam a neuroquímica e o padrão de ondas do cérebro; resultando em um ambiente ideal para o desenvolvimento e consolidação das habilidades cognitivas treinadas.

Portanto, quer melhorar sua capacidade de:

1. Reagir rapidamente em situações previsíveis;
2. Escolher com maior velocidade entre opções difíceis;
3. Agir rapidamente para não perder o timing;
4. E quase todas as outras atividades do seu dia-a-dia.

Desenvolva seu Tempo de Reação e seu Tempo de Decisão!!!